sexta-feira, 9 de maio de 2014

O BOM SAMARITANO

Quando a Compaixão Vence o Preconceito Lucas 10.25-37

INTRODUÇÃO: Lucas 10:25-28

(10:25) E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? (10:26) E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? (10:27) E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. (10:28) E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.

A parábola do bom samaritano se distingui das demais parábolas, contadas por Jesus, porque ela não se utiliza de símbolos para expor a verdade e sim do exemplo. De forma simples e profunda a linguagem do exemplo serve para fazer um tratado de ética prática para ilustrar o agir da benevolência, em contraste com o egoísmo. [1] 

A Parábola do Bom Samaritano se destaca na sua ênfase em olhar o próximo que necessita de ajuda, exemplo de como podemos amar o outro como a nós mesmos (Mateus 5:43).

PROPÓSITO Lucas 10:25b, 29b

Doutor da Lei. A profissão de um "doutor da lei" era ocupar-se com a lei mosaica. Ele tinha a função oficial de interpretar a lei e guiar o povo em como relacionar as suas vidas com ela. Quando um judeu tinha alguma dúvida que o incomodasse quanto ao seu comportamento, ele consultava um doutor da lei ou um escriba, para saber o que a Torá dizia sobre aquele assunto.

A parábola do bom samaritano é a resposta a duas perguntas feita pelo doutor da lei.

São elas:

"Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" Lucas 10:25b.

"E quem é o meu próximo?" Lucas 10:29b.

O doutor da lei sabia da necessidade de se amar a Deus o que o incomodava era a identidade do próximo a quem ele devia amar. p.298.

Para a mentalidade da época um gentio nunca seria seu próximo, somente seus irmãos judeus.

A segunda pergunta: "E quem é o meu próximo?" é na verdade uma tentativa de auto-justificação, uma vez que pensamos que podemos escolher quem é nosso próximo (Lucas 10:29).

O Senhor Jesus vai tratar essa questão em sua parábola Lucas 10:29 Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?

A PARÁBOLA Lucas 10:30-35

A ESTRADA DA MORTE

(10:30) E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.

Jerusalém, que significa "cidade da paz" era um lugar de culto e, portanto, santo para Deus e o seu povo que ali mantinha comunhão com seu Senhor.

Jericó havia sido amaldiçoado após sua conquista pelo general Josué (Josué 6:26). Porém, na época de Jesus, Jericó com suas belas tamareiras se tornou um lugar de abrigo para os sacerdotes, quando não estavam servindo em Jerusalém.

A estrada de Jerusalém à Jerico (que inclusive existe até hoje) tinha uma extensão de 24 quilômetros, estava situada num vale rochoso e perigoso, e era freqüentada por ladrões e assaltantes; portanto não oferecia segurança aos viajantes.

Sacerdote e levitas graças à sua vocação religiosa, nunca eram molestados pelos ladrões que, por causa de seus atos de violência, fizeram com que aquela região selvagem recebesse o nome de Adumim (Josué), ou passagem de sangue. p.299.

Foi por essa estrada infestada de ladrões que "um homem" viajava e descia de Jerusalém para Jericó.

Não sabemos quem ele era. Possivelmente um mercador judeu.

O viajante caiu nas mãos de salteadores que o roubaram completamente e o deixaram caído semi-morto no caminho.

A CHEGADA DO SACERDOTE (10:31) E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.

Ao perceber que alguém passava naquela estrada o viajante, jogado ao chão quase morto, pensa em seu coração que talvez aquela fosse à provisão divina em seu favor.

O Sacerdote era um líder espiritual, consagrado a Deus e reconhecido em todo Israel.

Esse sacerdote fazia parte dos 12 mil sacerdotes que viviam em Jericó e servia em Jerusalém naquela época.

Duas coisas pelo menos precisam ser destacadas acerca do ofício sacerdotal:

Primeiro o sacerdote era obrigado por força de lei agir com misericórdia até mesmo para com um animal (Êxodo 23:4-5);

Segundo o sacerdote exercia seu ministério no Templo na presença de Deus, servindo-o com orações e sacrifícios a favor do povo.
Como sacerdote ele conhecia o mandamento que nos ordena amar o próximo como a nós mesmos. Contudo, ele nada faz pelo viajante.

O viajante, porém, ao ver passar ao largo a sua esperança de vida é tomado pelo amargor da morte.

A CHEGADA DO LEVITA (10:32) E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.

Quando a esperança se esvanece em seu físico, diante do viajante passa o levita.

O levita é um funcionário do Templo em Jerusalém, ministro de adoração e também mestre da lei.

No entanto, todo o conhecimento religioso não serve para mover seu duro coração à compaixão e ao cumprimento do segundo grande mandamento, o de amar o próximo como a ti mesmo.

A esperança que estava quase morta dentro do viajante agora é assassinada e sepultada através da omissão do levita.

A CHEGADA DO SAMARITANO

Ao ver se aproximar um samaritano, sem esperança alguma o viajante depois de ver a frieza e indiferença, quanto ao seu estado, dos dois líderes espirituais de Israel ele não tem dúvida que agora o samaritano, que são inimigos mortais dos judeus, vai acabar de terminar o serviço dos salteadores matá-lo sem piedade.

Mas não é isso que acontece, o texto diz no verso 33 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;

FÉ MORTA VERSUS FÉ VIVA

Por que Jesus introduziu o sacerdote e o levita na parábola? Foi para reprovar uma religião falsa, sem coração, destituída de compaixão, formal e organizada, para revelar no bom samaritano o verdadeiro espírito da religião em essência. p.300.

Esse é um grande alerta para a Igreja quando ela perde seu sentido de missão e propósito de ser por causa da mornidão e comodismo espiritual, orgulho e religiosidade, indiferença e falta de compaixão.

COMPAIXÃO DEMONSTRADA (10:34) E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;

O azeite era bastante usado pelos antigos como remédio, no uso externo, para aliviar a dor de ferimentos abertos (Isaías 1:6).

O vinho também era utilizado como medicamento, para ser aplicado externamente em ferimentos e machucados. p.301.

O que o bom samaritano naquele momento podia fazer em favor do viajante ferido ele fez.

Ele compartilhou o que tinha: o azeite, o vinho e sua cavalgadura.

O que o impulsionou foi sem dúvida a compaixão, esse sentimento que nos impulsiona ajudar alguém, o nosso próximo.
GRAÇA ABUNDANTE (10:35) E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar.

O bom samaritano não só se preocupou com o homem semimorto naquele momento como se interessou por seu completo restabelecimento. Isso é graça abundante e maravilhosa.

CONCLUSÃO Lucas 10:36-37

Na conclusão da parábola o Senhor Jesus retorna a pergunta do doutor da lei. Lucas 10:36: Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?

A resposta foi dada corretamente pelo doutor da lei.

E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira. Lucas 10:37.

A essência do ensinamento dessa parábola está em cumprirmos o segundo grande mandamento "Amaras o teu próximo como a ti mesmo", reconhecendo que o nosso próximo é todo aquele que precisa de nossa ajuda (espiritual, física ou material).

Pr. Alexandre B. Dutra



[1] LOCKYER, Hebert. Todas as Parábolas da Bíblia. Editora Vida, 2006. p.297.

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