Quando a Compaixão Vence o Preconceito Lucas 10.25-37
INTRODUÇÃO: Lucas 10:25-28
(10:25) E eis que se levantou um
certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a
vida eterna? (10:26) E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?
(10:27) E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu
entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. (10:28) E disse-lhe:
Respondeste bem; faze isso, e viverás.
A parábola do bom samaritano se distingui das demais parábolas, contadas
por Jesus, porque ela não se utiliza de símbolos para expor a verdade e sim do
exemplo. De forma simples e profunda a linguagem do exemplo serve para fazer um
tratado de ética prática para ilustrar o agir da benevolência, em contraste com
o egoísmo.
A Parábola do Bom Samaritano se destaca na sua ênfase em olhar o próximo
que necessita de ajuda, exemplo de como podemos amar o outro como a nós mesmos
(Mateus 5:43).
PROPÓSITO Lucas 10:25b, 29b
Doutor da Lei. A profissão de um "doutor da lei" era ocupar-se
com a lei mosaica. Ele tinha a função oficial de interpretar a lei e guiar o
povo em como relacionar as suas vidas com ela. Quando um judeu tinha alguma
dúvida que o incomodasse quanto ao seu comportamento, ele consultava um doutor
da lei ou um escriba, para saber o que a Torá dizia sobre aquele assunto.
A parábola do bom samaritano é a resposta a duas perguntas feita pelo
doutor da lei.
São elas:
1ª "Mestre, que farei para
herdar a vida eterna?" Lucas 10:25b.
2ª "E quem é o meu
próximo?" Lucas 10:29b.
O doutor da lei sabia da necessidade de se amar a Deus o que o
incomodava era a identidade do próximo a quem ele devia amar. p.298.
Para a mentalidade da época um gentio nunca seria seu próximo, somente
seus irmãos judeus.
A segunda pergunta: "E quem é o meu próximo?" é na verdade uma
tentativa de auto-justificação, uma vez que pensamos que podemos escolher quem
é nosso próximo (Lucas 10:29).
O Senhor Jesus vai tratar essa questão em sua parábola Lucas 10:29 Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a
Jesus: E quem é o meu próximo?
A PARÁBOLA Lucas 10:30-35
A ESTRADA DA MORTE
(10:30) E, respondendo Jesus,
disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos
salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o
meio morto.
Jerusalém, que significa "cidade da paz" era um lugar de culto
e, portanto, santo para Deus e o seu povo que ali mantinha comunhão com seu
Senhor.
Jericó havia sido amaldiçoado após sua conquista pelo general Josué
(Josué 6:26). Porém, na época de Jesus, Jericó com suas belas tamareiras se
tornou um lugar de abrigo para os sacerdotes, quando não estavam servindo em
Jerusalém.
A estrada de Jerusalém à Jerico (que inclusive existe até hoje) tinha
uma extensão de 24 quilômetros, estava situada num vale rochoso e perigoso, e
era freqüentada por ladrões e assaltantes; portanto não oferecia segurança aos
viajantes.
Sacerdote e levitas graças à sua vocação religiosa, nunca eram
molestados pelos ladrões que, por causa de seus atos de violência, fizeram com
que aquela região selvagem recebesse o nome de Adumim (Josué), ou passagem de sangue. p.299.
Foi por essa estrada infestada de ladrões que "um homem"
viajava e descia de Jerusalém para Jericó.
Não sabemos quem ele era. Possivelmente um mercador judeu.
O viajante caiu nas mãos de salteadores que o roubaram completamente e o
deixaram caído semi-morto no caminho.
A CHEGADA DO SACERDOTE (10:31) E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho
certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.
Ao perceber que alguém passava naquela estrada o viajante, jogado ao
chão quase morto, pensa em seu coração que talvez aquela fosse à provisão
divina em seu favor.
O Sacerdote era um líder espiritual, consagrado a Deus e reconhecido em
todo Israel.
Esse sacerdote fazia parte dos 12 mil sacerdotes que viviam em Jericó e
servia em Jerusalém naquela época.
Duas coisas pelo menos precisam ser destacadas acerca do ofício
sacerdotal:
Primeiro o sacerdote era obrigado por força de lei agir com misericórdia
até mesmo para com um animal (Êxodo 23:4-5);
Segundo o sacerdote exercia seu ministério no Templo na presença de
Deus, servindo-o com orações e sacrifícios a favor do povo.
Como sacerdote ele conhecia o mandamento que nos ordena amar o próximo
como a nós mesmos. Contudo, ele nada faz pelo viajante.
O viajante, porém, ao ver passar ao largo a sua esperança de vida é
tomado pelo amargor da morte.
A CHEGADA DO LEVITA (10:32) E de igual modo também um levita, chegando
àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.
Quando a esperança se esvanece em seu físico, diante do viajante passa o
levita.
O levita é um funcionário do Templo em Jerusalém, ministro de adoração e
também mestre da lei.
No entanto, todo o conhecimento religioso não serve para mover seu duro
coração à compaixão e ao cumprimento do segundo grande mandamento, o de amar o
próximo como a ti mesmo.
A esperança que estava quase morta dentro do viajante agora é
assassinada e sepultada através da omissão do levita.
A CHEGADA DO SAMARITANO
Ao ver se aproximar um samaritano, sem esperança alguma o viajante
depois de ver a frieza e indiferença, quanto ao seu estado, dos dois líderes
espirituais de Israel ele não tem dúvida que agora o samaritano, que são
inimigos mortais dos judeus, vai acabar de terminar o serviço dos salteadores
matá-lo sem piedade.
Mas não é isso que acontece, o texto diz no verso 33 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele
e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;
FÉ MORTA VERSUS FÉ VIVA
Por que Jesus introduziu o sacerdote e o levita na parábola? Foi para
reprovar uma religião falsa, sem coração, destituída de compaixão, formal e
organizada, para revelar no bom samaritano o verdadeiro espírito da religião em
essência. p.300.
Esse é um grande alerta para a Igreja quando ela perde seu sentido de missão
e propósito de ser por causa da mornidão e comodismo espiritual, orgulho e
religiosidade, indiferença e falta de compaixão.
COMPAIXÃO DEMONSTRADA (10:34) E, aproximando-se, atou-lhe as feridas,
deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para
uma estalagem, e cuidou dele;
O azeite era bastante usado
pelos antigos como remédio, no uso externo, para aliviar a dor de ferimentos
abertos (Isaías 1:6).
O vinho também era utilizado
como medicamento, para ser aplicado externamente em ferimentos e machucados.
p.301.
O que o bom samaritano naquele
momento podia fazer em favor do viajante ferido ele fez.
Ele compartilhou o que tinha: o azeite, o vinho e sua cavalgadura.
O que o impulsionou foi sem dúvida a compaixão, esse sentimento que nos
impulsiona ajudar alguém, o nosso próximo.
GRAÇA ABUNDANTE (10:35) E, partindo no outro dia, tirou dois
dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de
mais gastares eu to pagarei quando voltar.
O bom samaritano não só se preocupou com o homem semimorto naquele
momento como se interessou por seu completo restabelecimento. Isso é graça
abundante e maravilhosa.
CONCLUSÃO Lucas 10:36-37
Na conclusão da parábola o Senhor Jesus retorna a pergunta do doutor da
lei. Lucas 10:36: Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo
daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
A resposta foi dada corretamente pelo doutor da lei.
E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois,
Jesus: Vai, e faze da mesma maneira. Lucas 10:37.
A essência do ensinamento dessa parábola está em cumprirmos o segundo
grande mandamento "Amaras o teu próximo como a ti mesmo",
reconhecendo que o nosso próximo é todo aquele que precisa de nossa ajuda
(espiritual, física ou material).
Pr. Alexandre B.
Dutra
LOCKYER,
Hebert. Todas as Parábolas da Bíblia. Editora Vida, 2006. p.297.